Depois daquela viagem

by - maio 02, 2017




Título: Depois daquela viagem
Autor: Valéria Piassa Polizzi
Editora: Atica Editora
Páginas: 279
Ano: 2003














Vou te confessar uma coisa. Hoje me perguntei, como e quando começou a minha paixão por livros, pois bem. Começou aos nove anos. E o primeiro livro que eu li foi Depois daquela viagem. Sim, acreditem eu li esse livro com nove anos de idade. Imaginem naquela época – 14 anos atrás não é tanto tempo, mas visto agora com os olhos  de  que tudo evoluiu – aos nove anos de idade eu não fazia ideia do que significava AIDS, e so fui descobrir quando li o livro. Aos nove anos de idade tudo naquele livro me chamava atenção. E sim, naquela época julguei o livro pela capa, e o desejei porque achei bonitinho. Hoje, já perdi a conta de quantas vezes o li. Claro que, quando li pela primeira vez tive uma ideia não tão madura do que se tratava. Hoje.. é bem mais claro, né. 
Vamos a resenha desse livro/vida então. 

O livro se passa por volta dos anos 80 – 90. Valéria descobriu ainda muito jovem (para ser mais exata, aos 16 anos – realidade de muitas adolescente-), que era soro positivo. Jovem, bonita e atraente, Valéria começa sua história contando sobre uma viagem que fez com seus pais em um Cruzeiro. Neste cruzeiro Valéria encontra um rapaz de 25 anos – que mais tarde virou seu namorado. Pois bem, passado um tempo, Valéria se vê num relacionamento abusivo, na qual apanha do rapaz, é diminuída e é tratada como inferior. Apesar disso tudo, ela acha que é culpada por tudo isso. A série de mal tratos só termina quando a família flagra uma cena de agressão e interfere pelo fim do relacionamento.

Após dois anos, Valéria descobre ser portadora do vírus da AIDS, o HIV. Como só havia transado com o namorado que a espancava, a equação é óbvia: ele a contaminou. E já era difícil falar sobre isso em uma época em que a internet não era acessível. Não havia tantos tratamentos e a doença já era diretamente associada a morte. Imagine isso para uma garota que mal havia chegado aos 18 anos. Até então, a AIDS era associada apenas aos gays e praticantes do sexo anal, o que não era o caso de Valéria. O preconceito com portadores do vírus no Brasil era absurdo e a falta de tato dos hospitais e planos de saúde não ajudava a atrair uma perspectiva melhor para os infectados. A única palavra era: morte.

Resolveu então esconder a doença de todos e aprender a conviver com sua nova realidade, buscando conforto apenas em si mesma.
Aprendeu a ver o mundo com novos olhos, aproveitar os momentos, já que não sabia se poderia planejar seu futuro, visto que na época, possuir o vírus HIV era sinônimo de morte.

Não parou sua vida por isso. Viajou ao exterior para estudar, onde começou seu tratamento.
Porém, ainda evitava qualquer tipo de relacionamentos, e aos poucos, começou a se afastar de seus amigos também. Durante sua viagem, Valéria adquiriu muito conhecimento sobre o assunto, e ao voltar para o Brasil, tomou coragem e contou a situação para seus amigos e familiares, os quais deram todo o apoio possível.


Valéria me mostrou o caminho dos livros e logo de cara sobre um assunto tão importante e ao mesmo tempo tão cheio de tabus para os jovens em forma de um bate papo informal. A história é real, o que cativa ainda mais o leitor na luta diária de Valéria.

A história é narrada em um tom divertido, mostrando o lado que poucas pessoas conhecem. Valéria não é só uma portadora do vírus HIV. Valéria é uma jovem garota conhecendo o mundo e entendendo a vida, assim como qualquer pessoa de 18 anos.

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